terça-feira, 9 de janeiro de 2018

#2ºpost: Por que eu quero escrever?

Eu fui uma criança muito inventiva. Acho que as crianças dos anos 90 em geral eram, porque a diversão dependia mais da sua criatividade do que dos brinquedos que você tinha, mas o fato é que eu permaneci assim até os dias de hoje.

Não lembro da primeira história que inventei, mas sei que desde cedo eu pegava minhas amigas para brincar de passar por passagens secretas, portais mágicos e fazer lutas épicas no play do condomínio. Eu via muitos filmes nessa época e embora meus pais comprassem alguns livrinhos para mim, passei a gostar de ler de verdade aos dez anos, segundo me lembro porque não tinha TV à cabo.

Hoje em dia agradeço por não ter tido muitas facilidades de entretenimento na infância, porque isso me moldou como leitora. E qual seria a vantagem disso? Bom você poderia dar as respostas clássicas: "porque ajuda no vocabulário" ou "porque ajuda a desenvolver o intelecto", mas a minha preferida é que ler é uma diversão mais livre de imposições massificantes. Ok fui muito nerd nessa coisa de "massificantes", mas é verdade: cada livro possui um valor, uma ideologia e por isso você não fica viciado em apenas um ponto de vista. Livros podem ajudar você a se libertar de pensamentos quadrados, a não ser que você leia sempre a mesma coisa, tipo: livros adolescentes norte americanos¹, esses tem sempre a mesma ideologia. É preciso dar uma variada também né? (risos).

 Além disso, da minha disposição nata para contar histórias e do caráter libertador do livro, resolvi escrever por causa do meu breve encontro com um autor maravilhoso durante a faculdade: Bertold Brecht. Esse grande dramaturgo, se preocupava em não deixar seus expectadores hipnotizados (como às vezes meu sobrinho fica em frente à TV) para não lhes passar valores negativos por "osmose". Ele construía suas peças de um jeito que o público estranhasse o que os personagens diziam e os valores de uma burguesia dominante e segregadora que outras peças passavam sublinarmente.

Estou longe de possuir a genialidade de Brecht, mas eu como uma escritora, me pus a pensar sobre a importância de fazer uma literatura consciente que dialogue com a realidade do meu público. Dessa forma, fui na contra mão da maioria dos meus colegas escritores e resolvi fazer fantasia falando da cultura nacional, da realidade do subúrbio carioca, das dificuldades de ser mulher no Brasil entre outras questões polêmicas. Acho que o Brasil precisa abrir espaço na literatura para voltar a falar de si mesmo, porque a maioria dos autores novos que vejo quer viajar na maionese americana ou falar da Europa Medieval. Dessa maneira, falando só de fora, ficamos muito alienados e no momento atual, com escolas fechando e com faculdades públicas prestes a falirem, acho que os livros deveriam começar a atuar como um campo alternativo na luta por mudanças.²

Bom, só quero esclarecer que não me proponho a divulgar ideologias políticas. Por mais que Brecht tenha sido comunista, só o vejo como ponto de partida por causa da reflexão sobre a arte que conscientiza ao invés de ser usada para dominar. Isso é tudo por hoje, pessoal!

Aleska Lemos.

¹Não levem a mal, eu gosto deles, mas vejo muitas falhas.
² Por mais que pareça uma crítica aos meus colegas, enfatizo que é apenas uma explicação da minha escrita. Eu me sinto com a obrigação de falar dessas coisas porque meu contexto social exige. Se você sente de forma diferente tem toda a razão para continuar escrevendo do jeito que escreve ok?

4 comentários:

  1. Ótima análise, está mesmo na hora de sacudir o universo literário, tem muita obra por aí que é mais do mesmo.
    "(...)Cada livro possui um valor, uma ideologia e por isso você não fica viciado em apenas um ponto de vista."
    Não poderia concordar mais.
    Abraços!

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  2. Qualquer que seja a sua aventura Aleskita, eu apoio. Estou ansiosa para ver seus livros circulando pelas mais diversas mídias!

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    1. Obrigada! Mas obrigada por me acompanhar há tanto tempo que tem fé em tudo o que faço. Um beijos!

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