Sempre tive medo de envelhecer. Não, minto, depois que envelheci que adquiri essa fobia.
Não é exatamente uma vontade de permanecer bonita, daqueles tipos de beleza que exalam o frescor da pele e fazem os homens loucos (até porque nunca tive paciência para essa exibição).
O medo é de ter que mudar, me adaptar a um novo papel que infelizmente já vem se avizinhando. Como eu poderia deixar de ter um espírito jovem e brincalhão para ser séria e responsável? Minhas desculpas estão acabando enquanto a coluna me cobra uma nova postura (para não me travar na cama e na vida).
O mais apavorante, entretanto, é olhar para o que gostava antes com um certo distanciamento. Há um bom sentimento de nostalgia, mas parece que aquilo não mais te pertence, ou você que não pertence mais a ele.
Não há mais aquela fé ingênua de que tudo vai dar certo e não se sofre mais de amor como antes. Taí uma vantagem ao menos: as dores não são mais tão profundas, mas fica a dúvida: estarei me tornando uma pessoa rasa? Ou apenas mais forte? É normal não ter grandes sentimentos em relação a nada? Tudo vai ser sempre assim tão morno como um mingau esquecido na mesa ou às vezes teremos momentos de uma intensidade verdadeira?